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Falar a uma pessoa estranha sobre a nossa vida pessoal e coisas íntimas requer coragem e confiança. Acho normal e até um bom sinal quando um cliente sente dificuldade nesta entrega. O psicólogo só pode ganhar e merecer esta confiança com o tempo.
Também há vantagens em falar com alguém de fora, alguém que não faz parte da nossa vida quotidiana. O anonimato e garantia de sigilo dá - nos uma certa liberdade para falar de coisas que normalmente não falamos.
Sinto como um privilégio quando as pessoas se sentem suficientemente seguras comigo, para falar sobre o que sentem, o que falta na sua vida e o que lhes dói. Sinto que é muito importante que os clientes possam ser completamente honestos comigo e, principalmente, com eles próprios. Porque acho que é desta honestidade em falar sobre partes de nós que não achamos muito aceitáveis ou sentimentos e memórias que evitamos porque doem demasiado, que vão surgir caminhos e pistas para a mudança.
Não acredito muito em rótulos e diagnósticos. Acho que os sintomas sejam eles depressões ou ansiedade têm uma sabedoria, sinalizam algo que falta ou não está bem na nossa vida, num sentido muito real. Possivelmente coisas com as quais perdemos contacto e representam necessidades e desejos importantes e legítimos. Gosto de ajudar as pessoas a identificar este significado do mau estar.
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